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O que é franquia? Saiba tudo sobre o mercado mais promissor do Brasil

Quando você ouve aquela pessoa dizer “vou comprar uma franquia” ou “vamos transformar minha empresa em franquia”, a pergunta fundamental é: o que é franquia? Vamos responder isso em detalhes, então se você está pensando em investir ou quer entender melhor o universo das franquias, esse conteúdo é para você.

O que é franquia?

Uma franquia, ou sistema de franchising, é um modelo de negócio pelo qual uma empresa (o franqueador) concede a outra (o franqueado) o direito de uso de sua marca, de seu método de operação, de seus produtos ou serviços e de todo o sistema já testado e padronizado. Em troca dessa concessão, o franqueado remunera o franqueador — normalmente por meio de uma taxa inicial, royalties, publicidade — e segue os padrões operacionais definidos.

Segundo a International Franchise Association (IFA), “Franchising é um método para expandir um negócio e distribuir bens e serviços por meio de uma relação de licenciamento”. Já a Merriam‑Webster define “franchise” como “o direito ou licença concedido a um indivíduo ou grupo para comercializar os bens ou serviços de uma empresa em determinado território, sob sua marca, com regras e procedimentos definidos”.

Você adquire o direito de operar sob a marca de outro, seguindo um manual, um modelo já estabelecido — e com isso reduz parte dos riscos de gerir um negócio sozinho do zero.

Origem do sistema de franchising no mundo

Embora o sistema moderno de franquias seja bastante conhecido nos Estados Unidos, as raízes do conceito remontam bem mais longe:

  • Na Idade Média, já existiam arranjos de “franquia” ou de autorização para uso de mercadorias ou estabelecimento de mercados em nome de senhorios ou de ordens religiosas;
  • No século XIX, por volta de meados de 1800/1900, empresas como a Singer Sewing Machine Company nos EUA desenvolveram o modelo de concessão de sua marca e método a revendedores independentes;
  • No início do século XX, nos EUA, surgem redes que já exploram franchising (como de alimentação, postos de gasolina, serviços);
  • Após a Segunda Guerra Mundial, houve aceleração desse modelo de negócio: muitos ex-soldados buscavam empreendedorismo, e o modelo de franquias se tornou uma alternativa. No século XX, redes como a McDonald’s consolidaram-se e foram responsáveis por levar o modelo a escala;
  • No Brasil, as primeiras franquias organizadas surgiram em meados do século XX, mas foi nas décadas de 1980/90 que o sistema ganhou força e se organizou em termos legais.

Com isso, podemos ver que o franchising é um sistema de negócio consolidado, com décadas de evolução e adaptação internacional.

Leia também: Franchising: o que você precisa saber

Além do o que é franquia: termos do franchising que você precisa conhecer

Para navegar com segurança no mundo das franquias, é importante entender os principais termos usados com frequência. Aqui vão os mais relevantes:

  • Franqueador (Franchisor): A empresa que concede o direito de uso da marca, do sistema, do know-how e que define o padrão da rede.
  • Franqueado (Franchisee): O empreendedor que adere ao sistema, investe no negócio, segue os padrões do franqueador e explora uma unidade da franquia.
  • Taxa de franquia (franchise fee ou entrada): Valor pago ao franqueador para aderir à rede — inclui direito de uso da marca, treinamento inicial, implantação da unidade, acesso ao sistema etc.
  • Royalties: Percentual ou valor fixo que o franqueado paga periodicamente ao franqueador pelo direito contínuo de uso da marca/sistema.
  • Know-how: O conjunto de conhecimentos técnicos, operacionais, de gestão, procedimentos padrões, métodos de trabalho que o franqueador transmite ao franqueado.
  • Circular de Oferta de Franquia (COF): Documento obrigatório em muitos países (como no Brasil) que o franqueador deve entregar ao candidato a franqueado com antecedência mínima (por exemplo, 10 dias) antes da assinatura do contrato. Nela constam dados como taxas, investimentos necessários, obrigações das partes, balanços da rede etc.
  • Contrato de franquia: Documento em que se formaliza a relação entre franqueador e franqueado, com direitos, obrigações, vigência, taxas, território, suporte, padrões, penalidades.
  • Território: Região ou zona geográfica em que o franqueado tem exclusividade ou semi-exclusividade de atuação.
  • Modelo de negócio / Formato de franquia: Pode haver diferentes formatos dentro de uma mesma rede — unidade padrão, quiosque, home-office, delivery, etc.
  • Transferência de know-how: Processo pelo qual o franqueador ensina ao franqueado o “modo de operar” do negócio, o sistema, os manuais, o treinamento, auxílio na implantação.

O que é transferência de know-how?

Um dos pilares centrais do sistema de franquia é justamente a transferência de know-how. Mas o que isso significa exatamente?

Transferência de know-how é o processo pelo qual o franqueador fornece ao franqueado os métodos operacionais, manuais, treinamentos, suporte técnico, padrões de atendimento, processos de gestão, marketing, layout da loja, fornecedores. Em outras palavras: não se trata apenas de uma “licença de marca” — o franqueado compra (ou aluga) um modelo de negócio já estruturado, que inclui a forma de operar.

Importância

  • Redução de risco: como o modelo já foi testado, o franqueado parte de uma base mais segura.
  • Padronização da rede: para que o consumidor encontre experiência semelhante em qualquer unidade da franquia, o know-how deve estar bem documentado e transmitido.
  • Eficiência operacional: o franqueador repassa os “atalhos” que ele já testou — fornecedores, processos, treinamento de equipe, marketing centralizado etc.
  • Escalabilidade: quanto melhor a transferência de know-how, mais rápido e consistente pode ser o crescimento da rede.

Como acontece na prática

  • Manuais operacionais: documento que descreve o funcionamento da unidade, organização, atendimento, logística, estoque.
  • Treinamento inicial e contínuo: franqueado e equipe participam de treinamentos para aplicação do sistema da rede.
  • Suporte de implantação: o franqueador pode auxiliar na escolha de ponto, layout, fornecedores, abertura da unidade.
  • Marketing centralizado: a rede define campanhas e materiais que o franqueado utiliza com orientação.
  • Monitoramento e auditoria: o franqueador acompanha desempenho das unidades para garantir que o know-how está sendo aplicado corretamente.

Se a transferência de know-how for falha ou insuficiente, o franqueado pode ter dificuldades, e a rede pode perder reputação. Logo, esse elemento é vital no franchising.

Vantagens do sistema de franquia

O modelo de franquia oferece várias vantagens tanto para quem deseja entrar como franqueado quanto para quem decide expandir por franquias como franqueador. Vamos analisar os principais pontos positivos:

Para o franqueado

  • Marca reconhecida: entrar em uma franquia significa operar com uma marca já estabelecida no mercado; isso reduz o esforço de construir reputação do zero.
  • Modelo testado: o sistema de negócio já foi validado pelo franqueador e outras unidades-piloto ou-próprias; isso reduz incertezas.
  • Treinamento e suporte: receberá conhecimento, manual, treinamento e suporte continuo para operar.
  • Economias de escala: fornecedores negociados pela rede, marketing centralizado, apoio para abertura de loja, ajudam a reduzir custos iniciais ou operacionais.
  • Menor custo de falha: estatisticamente, redes de franquia apresentam menor risco de falência comparadas a negócios independentes.

Para o franqueador

  • Expansão mais rápida: ao usar capital e recursos de franqueados, o franqueador consegue crescer mais rápido sem assumir todo o investimento das novas unidades.
  • Receita contínua: o franqueador capta taxa de franquia inicial, royalties, publicidade e participação no crescimento das unidades.
  • Menor risco operacional direto: o franqueado assume parte do risco operacional da unidade; o franqueador foca no suporte, no sistema global.
  • Alavancagem de marca e modelo: modelo replicável permite levar a marca para novos mercados e geografias com menor custo incremental.

Para o mercado

  • Geração de empregos e empreendedorismo: o franchising estimula a autonomia de pequenos empresários (os franqueados) sob o guarda-chuva de uma marca maior.
  • Oferta de produtos/serviços padronizados em várias localidades, favorecendo o consumidor.
  • Dinamismo econômico: conforme dados recentes, o setor de franquias cresce acima da economia em diversos países. Por exemplo, nos EUA, o output das franquias está projetado acima de USD 936,4 bilhões em 2025, com crescimento de cerca de 4,4% sobre 2024.

Tipos de franquias

O sistema de franquia apresenta diversas variações em função do formato, do nível de investimento, do canal de vendas e da abrangência geográfica. A seguir, alguns tipos comuns:

Formato de unidade

  • Loja padrão / Full-service: unidade completa, ponto físico destacado, investimento maior.
  • Quiosque / formato reduzido: unidade menor, menor investimento, geralmente em shopping ou local de alto fluxo.
  • Home-office / trabalho remoto: cada vez mais comum em franquias de serviços, consultoria, marketing digital etc.
  • Mobile / vending / container: formato alternativo com investimento menor e mobilidade.

Modelo de negócio

  • Franquia de produto/distribuição: foco na venda de produtos, o franqueado revende produtos da marca, com suporte da franqueadora.
  • Franquia de serviço: foco em prestação de serviço (educação, limpeza, manutenção, consultoria).
  • Franquia de negócio completo (business format franchise): o franqueado opera uma unidade com marca, sistema, layout, atendimento, marketing, etc. paulcollege.unh.edu

Território e escala

  • Franquia individual: franqueado opera uma unidade.
  • Master franquia / sub-franquia: franqueado assume o direito de desenvolver uma região inteira, sub-franquear unidades dentro desse território.
  • Multifranquia: mesmo franqueado opera várias unidades da rede.

Outros critérios

  • Internacionalização: rede que expande para outros países.
  • Licenciamento de marca vs. franquia: algumas operações podem parecer franquias, mas são mais parecidas com licenciamento de marca. A distinção importa (confira termos no Brasil, por exemplo).

Saber qual tipo de franquia você está avaliando é fundamental para dimensionar investimento, suporte, risco e perfil do negócio.

No Brasil, o sistema de franquias está regulamentado por lei específica e também por normas de direito empresarial. A Lei nº 8.955/1994 foi a primeira lei específica para franquias no Brasil: a “Lei de Franquias”. Ela definiu o contrato de franquia empresarial e exigiu, por exemplo, a entrega da Circular de Oferta de Franquia (COF) com antecedência.

Em 26 de dezembro de 2019 foi sancionada a nova lei de franquias, que revoga a anterior. Essa nova lei reforçou a transparência, definiu claramente que a franquia não caracteriza vínculo empregatício ou relação de consumo entre franqueador e franqueado, e manteve a obrigatoriedade da COF.

Principais obrigações legais

  • O franqueador deve entregar a COF ao candidato a franqueado com, no mínimo, 10 dias de antecedência antes da assinatura do contrato;
  • O contrato de franquia deve definir claramente obrigações, taxas, royalties, suporte, duração, renovação, exclusividade, penalidades;
  • A legislação brasileira exige que o franqueado tenha independência operacional — ou seja, não se trata de empregado do franqueador;
  • O franqueador deve fornecer suporte e know-how, conforme previsto na lei.

Para o candidato a franqueado, conhecer a legislação é essencial para avaliar a proposta e identificar riscos: se a COF não for entregue, se o contrato está mal redigido, ou se as taxas forem obscuras, o investimento pode ficar vulnerável. Para franqueadores, adequar-se à lei garante credibilidade e segurança jurídica.

Mercado atual e perspectivas

Para entender se vale investir ou como o setor está se comportando, é importante olhar os números recentes:

  • A previsão para o mercado de franquias nos EUA: o “franchise output” (venda de bens e serviços das redes de franquia) está projetado para ultrapassar US$ 936,4 bilhões em 2025, com crescimento de cerca de 4,4% em relação a 2024;
  • No panorama global, estima-se que o mercado de franquias valha cerca de US$ 146,13 bilhões em 2025 e possa alcançar cerca de US$ 369,84 bilhões até 2035, com CAGR (taxa anual de crescimento composta) em torno de 9,7%;
  • O setor de franquias cresce mais rápido do que a média da economia americana: em 2025, o crescimento projetado do franchising supera o crescimento da economia dos EUA (estimado em 1,9%);
  • Em termos de tendências, os segmentos em destaque para 2025 são serviços para pets, recarga de veículos elétricos (EV charging), cuidados a idosos, educação e saúde — ou seja, modelos que respondem a mudanças demográficas e tecnológicas.

O que esses números significam

  • O volume e a projeção de crescimento indicam que o franchising continua sendo um modelo relevante para expansão de negócios — tanto para quem franqueia quanto para quem entra como franqueado;
  • Para quem avalia uma franquia, vale atentar ao segmento de mercado e à inovação: setores emergentes oferecem novas oportunidades — mas também podem ter menos histórico.

Como avaliar se vale investir em uma franquia

Além de entender o que é franquia e conhecer os termos, quem pretende investir deve fazer uma avaliação criteriosa. Aqui vão alguns passos-chave:

  1. Pesquisar a franqueadora: reputação da rede, histórico, número de unidades, índice de satisfação de franqueados.
  2. Analisar a COF e contrato: taxas (entrada, royalties, publicidade), suporte prometido, exclusividade, duração, renovação, penalidades.
  3. Verificar a transferência de know-how: que tipo de treinamento e suporte serão oferecidos? É manualizado e testado?
  4. Estimar investimento e retorno: qual o capital necessário, qual prazo de retorno estimado, quais as projeções realistas? Compare com outras franquias no mesmo segmento.
  5. Avaliar perfil pessoal: o franqueado precisa ter perfil de empreendedor, seguir padrões, operar alinhado à rede. Nem sempre é “negócio passivo”.
  6. Analisar mercado local e ponto: qual o potencial da região, concorrência, demanda, visibilidade, custo do ponto, adequação ao formato da franquia.
  7. Escalar ou operar única unidade?: se for operar múltiplas unidades ou atuar como master franqueado, os riscos e exigências serão maiores.
  8. Solicitar informações aos franqueados atuais: conversar com quem já está na rede, entender os desafios reais, suporte recebido, retornos alcançados.
  9. Verificar contingências legais e tributárias: conhecer a legislação local, tributos, obrigações trabalhistas (mesmo que o franqueado seja empreendedor independente), exigências da rede.
  10. Planejar saída ou sucessão: entender no contrato como funciona renovação, venda da unidade ou saída da rede.

Essas etapas ajudam a transformar o que é franquia de conceito abstrato em decisão concreta e madura.

Entender o que é franquia vai muito além de “comprar uma marca”. Trata-se de aderir a um modelo de negócio, que inclui marca, método, suporte, obrigações e risco. O franchising é um caminho de crescimento comprovado — tanto para quem expande sua marca quanto para quem investe em uma unidade — mas exige disciplina, análise e alinhamento.

Se você está pensando em investir ou estruturar uma franquia para sua empresa, aprofunde-se na legislação, converse com especialistas, avalie fraquezas e fortalezas da rede, e esteja preparado para operar com foco e profissionalismo. Afinal, no mundo das franquias, conhecimento, execução e alinhamento entre franqueador e franqueado fazem toda a diferença.

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